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quinta-feira, 7 de março de 2013

Ilusões de Padrões e Padrões de Ilusões- O Andar do Bêbado




Trecho do livro "O  Andar do Bêbado", de Leonard Mlodinow


(...) Quando estamos diante de uma ilusão - ou em qualquer momento que tenhamos uma nova ideia - em vez de tentarmos provar que nossas ideias estão erradas, geralmente tentamos provar que estão corretas. Os psicólogos chamam esta situação de viés da confirmação, e ela representa  um grande impedimento à nossa tentativa de nos libertamos da interpretação errônea da aleatoriedade. (...) Como afirmou o filósofo Francis Bacon em 1620, "A compreensão humana, após ter adotado uma opinião, coleciona quaisquer instâncias que a confirmem, e ainda que as instâncias contrárias possam ser muito mais numerosas e influentes, ela não as percebe, ou então as rejeita, de modo que sua opinião permaneça inabalada."

Para piorar ainda mais a questão, além de buscarmos preferencialmente as evidências que confirmam nossas noções preconcebidas, também interpretamos indícios ambíguos de modo a favorecerem as nossas ideias. Isso pode ser um grande problema, pois os dados muitas vezes são ambíguos; assim, ignorando alguns padrões e enfatizando outros, nosso cérebro inteligente consegue reforçar suas crenças mesmo na ausência de dados convincentes. Por exemplo, se concluirmos, com bases em indícios instáveis, que um novo vizinho é antipático, quaisquer ações futuras que possam ser interpretadas dessa forma ganharão destaque em nossa mente, e as que não possam serão facilmente esquecidas. Ou então, se acreditarmos num político, damos-lhe mérito pelos bons resultados que obtiver, e quando a situação piorar, jogamos a culpa no outro partido, reforçando assim nossas ideias iniciais.

(...)

O viés da confirmação tem muitas consequências desagradáveis no mundo real. Quando um professor acredita inicialmente que um de seus alunos é mais inteligente que outro, ele se concentra seletivamente em indícios que tendam a confirmar esta hipótese.
Quando um empregador entrevista um candidato a emprego, sua tendência é formar uma rápida primeira impressão do sujeito e passar o resto da entrevista buscando informações que a corroborem. Quando um profissional da área clínica é informado previamente que o paciente a ser entrevistado é combativo, ele tende a concluir que o paciente é combativo, mesmo que não seja mais combativo que a média das pessoas. E quando as pessoas interpretam o comportamento de alguém que seja membro de uma minoria étnica, tendem a interpretá-lo no contexto de estereótipos preconcebidos.

A evolução do cérebro humano o tornou muito eficiente no reconhecimento de padrões. Porém, como nos mostra o viés da confirmação, estamos mais concentrados em encontrar e confirmar padrões que em minimizar nossas conclusões falsas. Ainda assim, não precisamos ficar pessimistas, pois temos a capacidade de superar nossos preconceitos. Um primeiro passo é a simples percepção de que os eventos aleatórios também produzem padrões. Outro é aprendermos a questionar nossas percepções e teorias. Por fim, temos que aprender a gastar tanto tempo em busca de provas de que estamos errados quanto de razões que demonstrem que estamos certos.



7 comentários:

  1. Romper esses padrões que a mente forma é a nossa grande tarefa, pelo que acho que consegui perceber. Mas, e quando nossos padrões de percebimento estão corretos? Mas, são tantas e tão diversificadas as situações que vamos deparando continuamente com elas em nossas vidas que devemos formar mais padrões errôneos que corretos, a guerra é a prova maior do nível de pobreza que nosso cérebro pode chegar. A questão do preconceito é de tal ordem complexo, talvez o maior gerador de guerra, que aqui eu vou citar Einstein "é mais fácil quebrar um átomo que acabar com o preconceito". Questões culturais e suas barreiras também causam muitos conflitos. Muito elucidativo o seu texto, Ana, aprendi muito.

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  2. Olá Ana
    As vezes é muito difícil admitirmos que estamos errados, isso requer muita humildade o que nem sempre temos.
    Bjux

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  3. Conservar a mente aberta e aceitar que também erramos é, realmente, muito difícil. Quando cometemos um erro estamos apenas demonstramndo que somos humanos mas, em vez de admitir isso, achamos que falhamos e portanto somos dignos de desprezo. Como podemos aprender sem errar, sem ter humildade para ver que a vida está sempre nos ensinando alguma coisa?
    Texto muito interessante, Ana. Obrigada por compartilhá-lo e nos fazer pensar... Bjs

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  4. Que verdade! Se nos dispusermos a ficar mais atentos às ideias dos outros poderemos rever as nossas e evoluir. Isso é sabedoria. Bjs.

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  5. Cá estou no outro seu blogue, também muito bonito. Os textos são
    muito bons. É preciso tempo para conhecer melhor estes seus
    blogues. Depois me registarei, agora estou com um pouco de
    pressa.Beijinhos, amiga.
    Irene Alves

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  6. .



    Eu quero que escrevas porque
    escrevendo tu te bastas.
    Escreve o teu nome em preto
    com frisos brancos enquanto
    de felicidade os teus olhos
    choram. Vai, escreve! Digas
    nas entrelinhas que o riso é
    livre. Que o sonho é possível
    e viver puro entre os errados
    é arte, é nobre. Portanto,
    escreva. Escreve e não estanque,
    mesmo que o ponto final se
    insinue não obedeça, não pense,
    não pare.

    Beijos,

    silvioafonso









    .

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  7. Olá!
    Ana
    É muito difícil que o ser humano tenha consciência além do que lhe é imprimido e legitimado desde o início, através de seus pré julgamentos.A ilusão de ótica de uma realidade que não se legitima.Por vezes, diluídos na massa perde-se a individualidade e consequentemente a capacidade de perceber o quanto se está errado e tendemos a acreditar naquilo em que queremos acreditar, não naquilo que a evidência aponta...
    Meu carinho pelo Dia da MULHER
    Boa tarde d sexta feira
    Beijos

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