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segunda-feira, 2 de março de 2015

A Vida de um Professor - Além da Sala de Aula


Eu, aos nove anos, na segunda série primária lendo um discurso para a Tia Franci - educadora que permitiu-me estudar em uma escola particular excelente durante cinco anos sem pagar nada - chance que aproveitei ao máximo e pela qual sou grata até hoje.



Há muito tempo, dei muitas risadas ao ler na revista Seleções um curto texto na seção "Rir é o melhor remédio;" naquela época, eu ainda era uma aluna adolescente que nem sequer suspeitava que um dia seria professora, mas até hoje eu me lembro perfeitamente daquele texto, pois ele me vem à cabeça várias vezes ao longo dos anos em que tenho ensinado Inglês. É mais ou menos assim (o autor era um dos leitores da revista, e não me recordo do seu nome):

Mãe e filha de oito anos faziam compras no supermercado, quando a menina avistou sua professora primária. Surpresa, perguntou à mãe: "Mãe, então a professora come a mesma coisa que a gente?" Para a menina, a professora deveria ser alguma espécie de ser com botão de liga e desliga, que era ligado pelo diretor da escola pouco antes da aula e desligado logo em seguida.

Mas há pessoas que ainda pensam assim. Se esquecem que um professor é apenas uma pessoa com suas limitações e problemas, igualzinho a elas. E quando ele faz uma gentileza - como por exemplo, substituir uma aula a qual ele faltou sem cobrar nada por isso - é apenas uma gentileza, e não uma obrigação. 

Quando um aluno entra de férias, a vida de um professor não se interrompe; as contas a pagar continuam chegando: água, luz, gás, telefone, cartão de crédito. Por isso, em todas as escolas, universidades  e cursos de línguas, os alunos pagam também pelo período de férias. Pense bem: se você pagar pela sua academia de ginástica e não comparecer, eles devolverão o seu dinheiro? Se você adoecer e deixar de ir à escola ou à universidade por alguns dias, eles substituirão suas aulas sem nenhum custo, ou darão algum desconto pelo tempo que você esteve fora? Se você faltar a um teste, poderá escolher um novo dia para fazê-lo sem custo nenhum?

 Há muitos equívocos que, por mais que se tente esclarecer educadamente, as pessoas não querem ou não conseguem entender: professores comem. Professores particulares cobram por aluno, e não é possível colocar dois ou mais alunos no mesmo horário e receber apenas uma mensalidade.  Professores tem contas a pagar, trabalham muito e tem o direito a ter horários livres nos quais eles vão ao médico, fazem compras, limpam as suas casas, namoram ou simplesmente (e raramente) descansam.

Quando um professor atrasa uma conta, ele paga com juros e correção - igualzinho a todo mundo. O fato de o professor não cobrar juros dos seus alunos é um ato de carinho e consideração, e isso não quer dizer que os alunos possam atrasar suas mensalidades e pagar quando bem entenderem. No período de férias ou durante uma viagem, o professor não tem nenhuma obrigação de guardar o lugar de um aluno se este saiu e não pagou as mensalidades. 

Um professor é um profissional como outro qualquer. Um professor também já foi aluno, e por isso, muitas vezes ele dá um desconto ou uma aula de reposição sem cobrar nada por isso, mas ele não tem a obrigação de fazer isso sempre. 

Acho que todos precisamos repensar esta profissão, hoje em dia, tão desvalorizada! Sem o professor, este país seria ainda pior do que já é. Sem o professor, não se formariam novos profissionais em profissão alguma, ninguém aprenderia línguas estrangeiras, ninguém teria a chance de progredir. O futuro de um país pode estar nas crianças que vivem nele, mas sem os professores que as ensinam, que futuro será este?


2 comentários:

  1. Ana, a foto é uma linda recordação.
    Realmente, os professores não recebem o respeito, a consideração, o valor que merecem. Já lecionei, quando bem jovem, e desisti porque o salário não era pago em dia, além de ser mínimo. Muitos seguem esse caminho porque as condições permanecem inadequadas, até hoje. E ainda há o agravante da falta de segurança. Bjs.

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  2. Que lindo texto esclarecendo aos "desavisados", pois nem todos respeitam os professores hoje em dia, pois no passado foi uma profissão de muito valor!
    No Japão, o professor não faz reverência diante do Imperador, pois lá ele vale muito mais do que um Imperador!
    Pois é, linda amiga, quem sabe um dia ainda veremos isso por aqui, quem sabe?!
    Abraços bem apertados!

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