witch lady

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

QUANDO FOI A ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ VIU SEU PAI?



Assisti, novamente, a este maravilhoso filme, estrelado por Colin Firth - meu ator predileto. Ele conta a história de um filho que retorna ao lar, a fim de assistir ao pai - que sofre de cancer de intestino em fase terminal. Ele redescobre e reavalia seu relacionamento com o pai durante vários momentos de suas vidas , na infância, adolescência e fase adulta. Percebe o quanto os julgamentos que fazia sobre o pai, muitas vezes, obscureceu-lhes o relacionamento. Lembra-se das vezes em que saíram juntos para acampar, dos piqueniques e jantares de família nos quais sentia-se ofuscado pelo brilhantismo do pai, e pela necessidade deste (quase doentia) de estar sempre em evidência e parecer simpático.

Descobre até que tem uma irmã, fruto de um caso amoroso do pai com uma prima de sua mãe, que durou muitos anos.

O filme é muito honesto, até o ponto no qual, durante uma conversa com uma namorada, ele admite que odeia seu pai (quem nunca odiou, nem que fosse por apenas um segundo, o pai ou a mãe, que atire a primeira pedra).

O filme tem cenas lindas e emocionantes, até o ponto de, sem perceber, você se ver chorando enquanto assiste.  No final, o que fica, o que realmente permanece da relação dos dois, é o amor. O grande amor que o pai sentia por ele, e ele, pelo pai. Um amor percebido, talvez, um pouco tarde em sua vida, mas nunca tarde demais. A cena mais tocante, em minha opinião, é justamente a última:

Ele está só no jardim da casa, após a família espalhar ali as cinzas do pai. E de repente, ele pensa: "Quando foi a última vez que você viu seu pai?' Não durante a doença, que o transformava e desfigurava a cada dia, mas a última vez em que esteve com ele e ele ainda era ele mesmo. E então, lembra-se de uma cena na qual os dois, juntos, instalavam um lustre na sala de estar. Uma cena corriqueira, mas marcante, pois fora a última vez em que o vira com saúde.

Daí, ele recorda o dia em que despediu-se dele para ir estudar em outra cidade. O abraço, antes de ir. E a cena vai mudando, e o menino que abraçava o pai, transforma-se no homem que ele é então, e a cena dos dois abraçados em uma despedida final, é simplesmente maravilhosa.

Fez-me lembrar da última vez em que eu vi meu pai: eu estava em meu horário de almoço, sentada à mesa da cozinha. Minha mãe terminava alguma coisa no fogão. Ele chegou, colocou sobre o armário um pacote de biscoitos - estava muito animado naquele dia - e sentou-se para almoçar. Dizia que, após o almoço, estaria jogando cartas na casa de uns amigos vizinhos. Eles sempre jogavam juntos. Lembro-me que, naquele dia, olhei para ele realmente, pela primeira vez em muito tempo. O que ficou mais marcado em minha memória, foi sua mão segurando o garfo. E depois, ao terminar, ele disse algumas coisas das quais não me lembro e despediu-se. A porta fechando-se atrás dele, disso eu me lembro. Naquela tarde,depois de algumas horas apenas, ele teve um derrame e morreu.

Aquela foi a última vez em que vi meu pai.


Amores Perdidos



Deve haver um paraíso
Um purgatório e um inferno
Para onde vão todos os amores que morrem...

Os que estão no paraíso,
Aguardam a ressureição;
Os que estão no purgatório,
Aguardam o perdão;
Os que estão no fogo do inferno,
Aguardam o esquecimento.

Onde está o seu amor,
Aquele, que você perdeu?

A PROFECIA




Entro na lojinha que fica no fundo da galeria, e que vende produtos naturais, livros, incensos, sinos de vento, fontes, e todas aquelas coisinhas absolutamente inúteis e bonitinhas. Fico alguns bons minutos olhando as capas dos livros, lendo os resumos, até que decido levar cinco de uma vez. Pego os incensos que, originalmente, fui comprar, e vou para a fila do caixa. O processo todo demora uns vinte e cinco minutos.

Chego do lado de fora, e chove torrencialmente. É claro, não tenho guarda-chuva! Espero um pouquinho, junto às outras dezenas de pessoas que como eu, olham para o céu em busca de uma resposta sobre o que fazer: ficar ali, esperando indefinidamente, ou atravessar a rua? Atravesso a rua. Felizmente, os motoristas estão bonzinhos e me deixam passar.

Entro na importadora de um conhecido, para comprar um guarda-chuva. Opto por um que tem fundo cinza-escuro e uma imagem do Garfield em preto, e também a carinha do Garfield nas cores originais no final do cabo. Saio pela calçada da Dezesseis de Março, toda feliz, com meu guarda-chuva novo do Garfield. Adoro aquele gato patife!

Chego ao ponto de ônibus, e as pessoas estão amontoadas sob o abrigo que não abriga ninguém, e junto-me a elas, enquanto a chuva fustiga-nos sem piedade. Mantenho o guarda-chuva aberto, tentando proteger a mim mesma e algumas pessoas que estão perto de mim.

Chega uma senhora bem idosa, aparentando uns setenta e cinco, oitenta anos de idade. Reparo que ela é muito elegante: colarzinho de pérolas, óculos-borboleta, suéter laranja, cabelos loiros e curtos, muito bem penteados em cachos comportados. Ela é bem pequenininha, e meu guarda-chuva cobre o dela.

Puxa assunto comigo:

"Que chuva, não?"
"É..."    O que mais eu responderia? Ela não desiste:
"Enquanto isso, do outro lado do país, seca...é  tsunami, vulcão, desabamento de prédio, tromba d'água..."
"Ô, coisa horrível, mesmo..."
"Mas não podemos ir contra os designos de Deus... é o final dos tempos, que estamos vivendo."

Pensei que para ela, não faria muita diferença. Afinal, já estava bem avançada em anos. Olho para o lado, tentando verificar se meu ônibus está entre os que acabam de chegar. Quando olho para onde a senhora estava, ela tinha ido embora. Ou teria sumido?

A PRAIA





No mar onde ela se banha

Misturando os dois sais

Acontecem

Coisas estranhas...


Vozes vindas do fundo,

Que se desmancham nas vagas,

Sereias que se arrebentam

Contra as pedras,

Pálidas e magras.


Conchas fechadas de segredos

Jogadas na areia

Permanecem fechadas

Por puro medo.


No mar onde ela se banha

Existem tristes naufrágios

Almas transparentes mescladas à agua,

Que trazem estranhos presságios.


Águas-vivas mortas de sono,

Queimam peixes que nadam descuidados,

Tubarões ferozes insaciáveis

Mostram seus dentes brancos e afiados...


No mar onde ela se banha

E, timidamente, ressona e sonha,

Uma vida boia, descontente...

Incapaz de driblar, da alma,

A insônia.


Publicado em: 07/06/2011 08:37:01

TEU NOME


Foto: Casa de Pedra, em Petrópolis, Av. Koeller




TEU NOME




Teu nome
É a oração pagã
Que escapa entre meus lábios
E que desconhece
A origem sagrada de sua raiz:
O meu coração.


Teu nome
É o começo de tudo
O que tem importância,
E o resumo incompleto
E ansioso
Do meu viver.


Teu nome
É a palavra perdida
Na canção da vida,
Que eu canto baixinho
De olhos fechados
Para não morrer.


Teu nome
É o destino que busco
No incerto crepúsculo
E que não sei se encontro
Não sei se existe,
Ou se é só busca.


Teu nome
É a promessa silenciosa
Que ninguém prometeu
Mas na qual eu creio,
Pois é a razão
E a esperança
De um sentido.


sábado, 19 de maio de 2012

Carneirinhos



'Mora um lobo mau, bem ali na curva...'

Assim, seguia, a turba,
As ordens da pastora...
Tão amedrontados,
Que nem percebiam
Para onde eles eram
aos poucos, guiados!

E o lobo, dormia
O sono dos justos...
Apenas queria
Não ser incomodado!

E a tola pastora
Guiava as ovelhas
Para um matadouro

E eles seguiam,
Inocentemente
(Ou tolamente?)
Até o desdouro...


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Instantâneo




Achei linda, a cena: o homem idoso, com seu violão, e o jovem rapaz, que o ouvia tocar. Ambos sentados em um banquinho nos jardins do Museu Imperial, em uma linda tarde, linda mesmo, daquelas que a gente  fica feliz por estar vivo.

Em volta deles, a natureza, em todo seu esplendor. Pessoas passavam, aproveitando o dia. Muitos deles, turistas brasileiros e estrangeiros, com suas máquinas fotográficas pipocando a todo instante. Eu não resisti...

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Alguns falam de doçura, Desconhecem O regurgitar das abelhas, O mel que se transforma dentro delas, Dentro das casas de cera. Falam do luxo ...