witch lady

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domingo, 3 de março de 2013

Moinho




Gira a roda,
Esmaga sonhos,
Vira as páginas,
Move
O moinho.

Jorra a água nova.

Os raios da roda
Presos ao centro
Jamais se quebram...

Na torre, dormem
Corujas,
Pombos,
E o vento faz
Com que abram
Os olhos sonolentos
E lembrem...

Gira a roda,
Sob as nuvens cinzas
E o  céu azul,
Encimando
A grama verde
E as flores mortas.

Ah, que sede,
Que sede de vida,
Que gosto de morte,
Nessa água que escorre
Da roda que gira!

Velho moinho
Que é visto, ao longe,
Pelo caminhante
Que pisa em espinhos!

Parece uma fonte
Que salva,
Resgata,
Apascentando
A sede que mata!

Mas há as corujas
Dormindo na torre,
Há o vento,
Os pombos melancólicos
No escuro...

*






Olhinhos de Gato - Cecília Meireles



Trecho do livro "Olhinhos de gato" de Cecília Meireles


(...) O mesmo peso e a mesma sombra estiveram, anteriormente, sobre o coração.
Ela andava entre as folhas secas, e as pedras, e as raízes das plantas, sozinha, falando sozinha, abaixando-se para apanhar uma concha misturada com a terra, ou perguntando coisas a algum caco de vidro. Os espinhos puxavam-lhe o vestido. As pombas fugiam de seus sapatos. Nos quintais sossegados, cachorrinhos latiam. Era doce o ar, e deitavam-se cores atrás das montanhas. Um papagaio de papel balançava-se muito alto, no caminho dos pássaros.
Então seu ouvido percebeu um gemido baixinho. 
Parou entre as árvores, para descobri-lo. 
Ouviu o zunir de um inseto, o suspiro da tarde nas folhas, o pingo de água no tanque, um pio de pássaro muito longe...
-As coisas mais mínimas. Até o fru-fru do papel de seda do papagaio lá no céu.
pedras. Buracos. Raízes entrelaçadas. Sombras de frondes...
E o gemido continuava.
Coreu para a moita dos "brincos de rainha", afastou os galhos, debruçou-se para dentro, sustida numa folha copm os pés a fugirem do barranco - e na sombra dois olhinhos mal abertos se levantaram para os seus, com o tênue gemido, numa expressão tão compreensível de medo e queixa como se ali estivesse uma outra criança igual a ela: e sofresse.
Tropeçando nas pedras, rasgando-se nos espinhos, subiu a correr, com o coração rápido, metendo-se por entre coisas velhas- regadores, panelas, ancinhos- à procura de qualquer coisa que aumentasse os seus braços, que a fizessem chegar até o fundo daquele - para ela imenso - abismo, e de lá retirar aquela vida que gemia.
E com uma alça de barbante, sozinha, a trouxe do fundo da sombra, e a levou para o quintal acima, pela escada acima, com as pernas já moles do esforço e da emoção, para espanto de todos, que lhe perguntavam: "Mas de onde arranjaste esse bicho tão feio! E não tiveste medo? E que vamos fazer agora deste cachorrinho?"




E o bicho movia-se pelo chão, pretinho encaracolado, e a menina, de cócoras, ria-se e tinha medo, ao mesmo tempo. Maria Maruca resmungava: "É muito engraçadinho, sim, para me sujar a cozinha toda." Dentinho de Arroz não lhe queria tocar: "Eu sei lá de onde veio isso! Essa gente sabe muita coisa... Pode ser alguma 'porcaria'."
mas Boquinha de Doce dizia: "A criança também há de brincar com alguma coisa. Contanto que não se machuque... Deixem o pobre bichinho. Uma coisinha tão pequenina! Que trabalho é que isto dá!" Mas Maria Maruca implicava: "É mais uma coisa para atrapalhar os pés da gente!"
Olhinhos de Gato estava brincando com ele, mas estava também escutando. E Boquinha de Doce perguntou-lhe: "Como é que vai se chamar?" Discutiu-se o nome. A criança queria que fosse "Jasmim". "Ai, um jasmim preto!- ria Maria Maruca - nunca na minha vida vi!" E troçando chamava-o: "Jasmim, Jasminzinho, anda cá, meu cheiroso Jasmim!..."
E acasa encheu-se daquela nova alegria. Patinhas negras pulando os degraus da escada, corpinho negro encolhendo-se por baixo dos móveis... Focinho negro, de olhinhos estufados, diante do qual o gato surpreendido e contrariado fazia 'ffffl...!" como a corda frouxa da guitarra...
Mas um dentinho branco e pontudo pode passar de raspão, como um espinho, e uma gota de sangue despontar, como um pingo de orvalho, Corre-se com o vidro de iodo. "Eu, por mim, punha-lhe açúcar em cima, e depois, uma teia de aranha..."
E, alta noite, ela mesma não sabe que a mão, robusta e morna, pousa-lhe na testa, no pescoço, nos braços. Que se examina o dedo ferido, que se torna a apagar a luz. Que talvez se reze...
O que sabe, porém, no dia seguinte, é que não anda mais nem pela casa nem pelo quintal aquele brinquedo peludo de olhinhos tão redondos e dentinhos tão finos.
Lá vai ela, calada e sozinha, mais com apreensão do que com esperanças. Por baixo dos móveis, já viu; por dentro das barricas e dos cestos, também; e atrás das portas, não está... E não caminha mais para longe. Procura por entre as pedras, afasta de novo a moita de 'brincos-de-rainha'- como naquela tarde... mas não está. Não se ouve mesmo nenhum gemido. Não o encontra e não pergunta. E não pergunta só pelo medo da resposta.
E deixaram-na procurar tanto! E deviam ter visto que estava sofrendo... E seu coração doía como se o tivessem pisado duramente e sem socorro.
maria Maruca ceio implicar: "Não achaste o Jasminzinho? Foi-se embora, o maroto! Fugiu!..."
E ela, então, chorou alto, convulsamente, sob muitos tormentos reunidos e confusos, e as pessoas se desfizeram diante dela, como estátuas de cinza, e a casa ficou vazia, sem mais braços, sem mais rostos, sem mais vozes certas. Sozinha ela existia entre as coisas imóveis, que talvez lhe falassem, se pudessem, e a abraçassem, se não estivessem presas na sua forma. Sozinha ela existia - com as cadeiras, os espelhos, as paredes, as árvores, as nuvens, o sol...
Era assim.

sábado, 2 de março de 2013

Agulhas Eficazes






Agulhas Eficazes


Tocamos a campainha e esperamos no corredor do prédio, até que com um estalo, a porta se abriu. Uma moça sorridente nos acolheu - meu marido já a conhece de longa data - e pediu-nos que tirássemos os nossos sapatos antes de entrar na sala de tratamento.

Olhei em volta, e encantei-me com os objetos: uma pequena fonte, velas, anjinhos, talismãs. No ar, um perfume delicioso  e músicas suaves. Após acomodar meu marido em uma das salas, ela veio falar comigo, convidando-me a entrar em uma outra sala. Conversamos por alguns minutos - era minha primeira vez com ela - e apesar de ser bastante reticente a respeito de estranhos, contei-lhe sobre algumas coisas que eu vinha passando nos últimos meses (ou anos) e que tinham me levado a procurá-la.

Ela sentiu meu pulso, de olhos fechados. Disse que meu nível de energia estava muito baixinho. Mandou que eu me deitasse na maca, e explicou-me o que iria fazer.

Começou a espetar-me as agulhas: no topo da cabeça, em alguns pontos dos pés e pernas, nos punhos e entre os olhos. Depois, enquanto apagava a luz, entregou-me uma pequena campainha e disse-me que a chamasse, caso sentisse algum desconforto. Fiquei lá por alguns minutos, até que de repente, senti uma vontade incontrolável de chorar, o que eu fiz  durante os quarenta minutos finais.

Foi um choro incontrolável. Mesmo que eu tentasse pensar em outras coisas, ou prestar atenção à música, eu não conseguia segurar as lágrimas. Parecia que tudo o que estava engasgado, finalmente saía aos borbotões. Coloquei para fora toda a angústia e o medo que passara nos dias em que minha mãe esteve no hospital. Chorei todas as lágrimas que ainda restavam a respeito da perda de meu sobrinho,e  também por tudo o  mais que vinha acontecendo.

Após aproximadamente uma hora, ela abriu a porta, e contei-lhe o que tinha acontecido. Ela me explicou que tudo aquilo tinha sido efeito das agulhas - ela focara em pontos onde havia energias estagnadas, que precisavam sair. 

Quando deixamos o consultório, eu me sentia alguns quilos mais leve, e muito aliviada. Continuo indo às consultas de acupuntura, o que tem trazido benefícios, como noites de sono mais tranquilas, mais calma, e uma redução bastante significativa da retenção de líquidos em meu corpo. Pesei-me ontem, e constatei que estou realmente mais leve - quase dois quilos - e até meu rosto e minhas mãos parecem mais finos.

A quem possa interessar, eu recomendo a acupuntura, mas procure por um profisisonal sério, experiente e muito bem qualificado. Existem várias pessoas que se dizem acupunturistas, mas que na verdade, mal sabem o que estão fazendo; por exemplo, colocam as agulhas por cima da roupa, o que pode causar problemas sérios, como infecções. Há também terapeutas que usam agulhas não-descartáveis, que ao final de cada tratamento, colocam em potes de vidro com o nome de cada paciente, mas isto não impede que se faça uma bela cultura bacteriana.

Você sentirá na pele e na alma, se estiver fazendo um tratamento com um profissional qualificado - ou não!



Nefasta





Arrasta, infeliz,
Anos e anos
De solidão...
Tenta ganhar asas,
Mas o voo que anseia,
Não sai do chão!

Nefasta,
Sua filosofia asceta
Agora, está mais que gasta!

Poeira seca
Suas palavras,
Toda a verdade
Sobressaída 
Como um engaste
Sobre a sua vida!

Nefasta,
Cobre e descobre,
Finge que vive,
Quando só morre!

Palavras más,
Balbuciadas
Por uma boca
Tão malfadada!...

Sob o olhar 
Benevolente,
Se escancara
O escárnio, a injúria
Ainda quentes!

Nefasta,
A mim, não engana...
Basta!

*

Vida Sem Morte?






Trecho do livro "Vida Sem Morte?" de Nils O. jacobson 


A Concepção de Vida e de Morte


(...)  "O objetivo deste livro foi esboçado no prefácio: traçar um panorama do trabalho da parapsicologia e de suas descobertas, bem como examinar estas descobertas em relação à questão da vida e da morte.
Podemos ver que o material utilizado pela parapsicologia, dentro e fora do laboratório, é verdadeiramente complexo. Parece-me difícil, senão impossível negar, dado o conhecimento deste material, que há outras formas de adquirir conhecimento que não através dos nossos sentidos conhecidos. A existência da PES (percepção extra-sensorial) abre perspectivas mais amplas, já que significa que as pessoas são algo mais que meras máquinas biológicas, que uma pessoa é ainda mais misteriosamente ligada ao próximo e às circunvizinhanças. 
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O mundo dos sentidos  é pesado e estável. Tudo tem o seu lugar, isolado de tudo o mais. O mundo místico é uma unidade abrangente, a totalidade, penetrada pela vida e por forças. E ainda o contraste é apenas aparente: são as duas faces de uma mesma realidade.  Poderíamos fazer uma comparação com recentes progressos da Física. A física moderna tende a separar o que parece ser matéria estável em um universo, difícil de imaginar, de irradiações, frequências e campos de energia, um mundo que parece cheio de contradições entre 'aspectos-partícula' e 'aspectos-onda.'
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Ainda que o presente material não possa, como se ressaltou, provar a sobrevivência após a morte, ele é tão rico e abrangente que pode realmente motivar uma crença baseada na razão quanto à sobrevivência. A "ciência" não provou que a morte seja o fim de tudo. Cada um de nós deve avaliar por si mesmo o material do ponto de vista próprio e julgar a plausabilidade da sobrevivência antes de começar. Mesmo hoje, podemos aceitar a sobrevivência como uma hipótese "científica" respeitável, em funcionamento.
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Uma determinada crença na sobrevivência à morte pode, portanto, ter significado fundamental para a experiência da vida física, material. Porém talvez seja igualmente significativo do outro lado da morte. Aqui, voltamos ao nosso ponto de partida, no capítulo 1: se a crença em uma vida ulterior enriquece a existência, então está cumprida uma grande missão. Assim só temos a ganhar:> se ficar provado estar errada, se a consciência acaba com a morte, não saberemos jamais disso. mas se provarmos que está certa, que a consciência continua, então talvez nos seja mais fácil do outro lado, se nos prepararmos antecipadamente. 
Perspectivas ainda maiores se abrem se a sobrevivência após a morte tem a forma de renascimento. isto não significa uma infindável cadeia de vidas físicas, um eterno giro na 'roda do renascer' da qual o indivíduo, em vão, tenta sair. Há também outras possibilidades. nas obras de Martinus e outros surge uma estonteante perspectiva: uma venturosa, estranha, terrível, rica evolução em um universo cheio de vida. Tal perspectiva da hipótese da sobrevivência é sugerida neste poema de Rumi, um místico persa do século XIII:

"Morri um mineral e tornei-me planta.
Morri planta e nasci animal.
Morri animal e transformei-me em homem.
Por que devo temer? Quando fui menos por morrer?
Ainda outra vez morrerei como homem, para elevar-me
com anjos abençoados; e mesmo de anjo
terei de passar. Tudo, exceto Deus, perece.
Quando tiver sacrificado minha alma de anjo,
Eu me tornarei aquilo que nenhuma mente concebeu."



O autor: O Doutor Nils-Olof Jacobson é médico, e acima de tudo, um psiquiatra. Há mais de um decênio, coleta, analisa e opina, como cientista, sobre fenômenos considerados sobrenaturais. Professor da Universidade de Lund, homem responsável, ele logo de saída solicita aos leitores que tenham conhecimento de casos interessantes e pesquisáveis, que se correspondam com ele, a fim de que enriqueçam ainda mais o seu vastíssimo arquivo sobre aparições, possessões demoníacas, telepatia, premonição, clarividência, xenoglossia e psicografia. É membro de todas as associações cientificamente envolvidas com a Parapsicologia e colaborador dos principais periódicos especializados. Apesar de sueco, radicado no extremo norte da Europa, o Dr. Jacobson dedica, inclusive, especial atenção ao brasileiro Zé Arigó, falecido em um acidente automobilístico em 1971.



sexta-feira, 1 de março de 2013

Não Abandones






Não abandones a esperança
Antes que ela te abandone...
Não deixes que as possibilidades
Morram de frio e de fome!

Tente só mais uma vez,
Mais um passo, mais um dia,
Pois aquilo que tu sonhas
Pode ser tua alegria!

Não desistas facilmente
Pois a vida só deseja
Que tu tentes novamente

E se não for para ser
Pelo menos tu terás
De quem tudo fez, a paz!



Obras Póstumas - Allan Kardec - Acontecimentos Papado




Trecho do livro - "Obras Póstumas," de Allan Kardec

20 de janeiro de 1860


ACONTECIMENTOS PAPADO



Pergunta: (Ao espírito Ch.) Fostes embaixador em Roma, e naquele tempo predissestes a queda do governo papal; que pensais hoje a respeito?

Resposta: Creio que se aproxima o tempo em que a minha profecia vai se cumprir; mas isso não será sem tumultos. Tudo se complica; as paixões se esquentam e, de uma coisa que se poderia fazer sem comoção, tomam-na de tal modo que toda a cristandade será com ela abalada.


Pergunta: Poderíeis nos dizer a vossa opinião sobre o poder temporal do Papa?

Resposta: Penso que o poder temporal do Papa não é necessário para a sua grandeza, nem para o seu poder moral, ao contrário, menos súditos terá, mais será venerado. Aquele que é o representante de Deus sobre a Terra está colocado bem alto para não ter necessidade de relevo do seu lugar terrestre. A Terra a dirigir espiritualmente, eis a missão do pai dos cristãos.


Pergunta: Pensais que o Papa e o Sacro Colégio, melhor esclarecidos, não façam o necessário para evitar o cisma e a guerra intestina, não fosse ela senão moral?

Resposta: Não o creio; todos esses homens são teimosos, ignorantes, habituados a todos os gozos profanos; tem necessidade do dinheiro para satisfazê-los, e tem medo de que a nova ordem de coisas não lhes deixe o bastante. Também eles levam tudo ao extremo, pouco se inquietando com o que acontecerá, sendo muito cegos para compreenderem a consequência de sua maneira de agir.
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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...