witch lady

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domingo, 18 de agosto de 2013

Falar a Língua de Um Cão






Quando a Latifa veio aqui para casa, era apenas um bebezinho, que mal chegando aos nossos pés, deitava-se em cima deles e adormecia profundamente. Aliás, para que ela adormecesse, bastava que a pegássemos no colo e a virássemos de barriga para cima, como se faz com os bebês, e ela imediatamente, dormia.

Diferentemente do que aconteceu com o Aleph, meu primeiro cão, custei muito a aprender a comunicar-me com a Latifa. Estávamos sintonizadas em canais totalmente diferentes. Enquanto Aleph era inteligente e obediente, e eu era capaz de entender o que ele queria através de um simples olhar, e vice-versa, não havia comunicação entre Latifa e eu. Às vezes, eu gritava com ela, e até dava-lhe umas palmadas, mas ela não entendia seus limites ou as coisas que eram proibidas a ela fazer, como por exemplo, arrancar as plantas do jardim e fazer buracos. Na mesma hora em que eu a repreendia, ela voltava a fazer o que estava fazendo, sem a menor cerimônia!

Aquilo deixava-me exasperada! Cheguei a pedir que meu marido a devolvesse ao ex-dono várias vezes, e queria presenteá-la a qualquer pessoa que vinha aqui em casa e achava bonitinha.

Ela era terrível! Além de desobediente, ela tornava a vida do Alpeh um inferno: mordia-lhe as patas traseiras quando ele andava, tomava-lhe a cama, agarrava-se com os dentes às bochechas dele, que ia arrastando-a e chorando enquanto andava, destruía seus brinquedos. Não sei como ele aguentou... e se eu ameaçava bater nela, ele literalmente se punha entre nós duas, com aquela cara de cachorro que quebrou a louça.



Hoje, Latifa está mais velha. Fez sete anos. Já passamos tantas coisas juntas, que aprendemos, há tempos, a falarmos a língua uma da outra. Ela só precisava de mais paciência e amor.

Tenho uma grande "cãopanheira" na Latifa. Ela deita-se no tapete e adormece, enquanto escrevo. Segue-me pela casa, e procura estar sempre o mais próxima possível de mim, chegando a ficar debaixo da janela da sala de aula se eu estiver trabalhando. Mas não foi fácil, no começo.

Se você quiser ter um cão pela primeira vez, precisa entender que a 'cãomunicação' raramente é imediata; pode levar algum tempo. É preciso que você dê ao seu cão uma chance. Bem, talvez duas ou três, quem sabe... mas no futuro, você perceberá que ele vale as plantas picadas, os buracos no jardim e os pés de mesa roídos.





Crônica escrita em 18/10/2011
Aleph, infelizmente, nos deixou naquele mesmo ano...

Lealdade & Fidelidade





Lealdade & Fidelidade



Ao passar por uma banca de jornal ontem à tarde, li na capa de uma revista a declaração de uma jovem e talentosa atriz Global da novela das nove, que dizia mais ou menos o seguinte: "Preocupo-me mais com lealdade do que com fidelidade." 

Passei, mas a frase ficou em minha cabeça, e fiquei pensando... no dicionário, temos: 

Lealdade: s.f. Consideração aos preceitos que dizem respeito à honra, à decência e à honestidade. 
Que honra com seus compromissos com retidão e responsabilidade; probidade. 
Característica daquilo ou de quem se pauta nessa probidade. 
(Etm. leal + dade)

Fidelidade:s.f. Exatidão em cumprir suas obrigações, em executar suas promessas: jurar fidelidade.
Afeição e lealdade constante: fidelidade de um amigo.
Obrigação recíproca dos esposos de não cometer adultério.
Exatidão, semelhança: fidelidade de uma narração.
Lealdade; probidade.

Em conversa com meu marido, ele tentou me explicar o que a atriz quiz dizer: "Por exemplo: Sou súdito de um rei, e leal a ele. Mesmo assim, de vez em quando, eu 'durmo' com a rainha. Sou leal, mas não fiel."

Mais uma vez, fiquei pensando, e concluí que lealdade e fidelidade são sinônimos, e uma não pode existir sem a outra! Como posso dizer-me leal a alguém, se eu o trair com outras pessoas? E como posso ser infiel, continuando a ser leal? Achei o cúmulo da hipocrisia a declaração da moça. É como tentar tapar o sol com uma peneira cheia de buracos enormes.

Para mim, leal e fiel são a mesma coisa.  Porque se lealdade consiste em respeitar, honrar e ser honesto, ao mesmo tempo que ser fiel significa afeição e lealdade constantes, como posso ser leal sem ser fiel, e vice-versa?

E os conceitos vão sendo readaptados à realidade atual, para que as pessoas se sintam melhor a respeito do que elas fazem de errado, e se justifiquem pelas promessas que elas não cumprem. Melhor não prometer nada, e assim, ser leal e fiel.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Garganta de Flor




Garganta de flor
Corredor de cor
Um pólen de voz
Perfume de amor.

Lá vem beija-flor,
O sumo da foz
Despeja-lhe  a flor,
Não pensa na dor.




Conversa em Família à Mesa da Cozinha





Três gerações de mulheres sentam-se em volta da mesa da cozinha para conversar. Num círculo, como bruxas em um coven. A avó (minha mãe), suas filhas (eu e minhas irmãs) e netas (minhas sobrinhas). O motivo: a comemoração do aniversário de duas de nós. Nascidas no mesmo dia, ambas em casa, através de parteira, mas com uma diferença de onze anos uma da outra. Librianas por coincidência.
Os homens da casa, como sempre, estão no sofá assistindo TV, discutindo política, futebol e o futuro da humanidade. Piedosas, nós às vezes colocamos uns copos de refrigerantes, sanduíches e salgadinhos e levamos para eles.
A avó idosa às vezes perde o prumo da conversa, e de repente faz perguntas que já foram respondidas, criando situações muito engraçadas. Nós rimos, respondemos novamente, e ela às vezes comenta nossas respostas usando os comentários mesmos que alguém acabou de usar.
A conversa prossegue. Discute-se quem era a preferida do pai, quem estudou nas melhores escolas, quem era a mais rebelde, a mais calma, a mais namoradeira... quem engordou mais...contamos e recontamos nossas estórias, de vez em quando, deixando entrever um traço de ressentimento, logo encoberto por uma sonora gargalhada. As netas ouvem mais do que falam, e tenho certeza de que em alguns anos, elas hão de se lembrar destas tardes à volta da mesa da cozinha.



Fico sabendo que meu parto foi o mais complicado. Descubro que meu padrinho de batismo foi escolhido como meu padrinho porque foi ele quem correu para chamar Dona Maria Carioca, a parteira, quando minha mãe começou a sentir as dores. E que depois do demorado parto, tiveram que chamar um médico, pois as dores não paravam.
Lembramos do bebê que um dia fomos. As mais velhas conhecem algumas das estórias, e reforçam as estórias da avó com seus comentários.
A avó diz: "Só falta o irmão..." mas comentamos que ele nunca esteve presente em reuniões de família.
Conversas se cruzam, um "X" entre o presente e o passado. Assuntos variados surgem ao mesmo tempo, e as netas falam de seus mestrados, doutorados e carreiras, enquanto as irmãs e a mãe discutem dietas, menopausas, receitas, estórias da infância e pessoas que se foram.
Mas logo um assunto em comum volta a ser o foco. "O que você pôs nessa torta salgada?" 
De vez em quando, um dos homens vem até a cozinha para ver o que está acontecendo. Alguém diz: "Não está na hora de partir o bolo?" E uma de nós concorda: "É melhor... tenho que acordar cedo amanhã..." e todas suspiramos, lembrando da segunda feira que se aproxima.
Velas, parabéns, mais refrigerantes, eu corto as fatias de bolo, minha irmã as distribui. Repetimos. Sobre a mesa, na toalha branquinha da minha irmã, farelos de bolo de chocolate e nozes.
Em seguida, as despedidas e promessas de "Até uma próxima vez!"




publicado no Recanto das Letras em 29/09/2009

Yo-Yo Ma: Um Músico Grandioso!



Yo-Yo Ma - Quem ainda não conhece, precisa conhecer!


Yo-Yo Ma nasceu na França numa família de origem chinesa com forte influência musical. Sua mãe, Marina Lu, era cantora, e seu pai, Hiao-Tsiun Ma, era maestro e compositor. Ma começou estudando violino e depois viola, antes de se interessar pelo violoncelo, instrumento que começou a manipular aos quatro anos de idade, com seu pai. Depois de um primeiro concerto em Paris, aos seis anos de idade, a família de Ma se muda para Nova Iorque.

Ma era uma criança prodígio, tendo aparecido na televisão norte-americanda com oito anos de idade, em um concerto conduzido por Leonard Bernstein. Ele entrou para a Julliard School (na qual tinha aulas com Leonard Rose), e passou um semestre estudando na Universidade de Columbia antes de se matricular na Universidade de Harward, mas se questionava sobre se valeria a pena continuar a estudar até que, nos anos 70, o estilo de Pablo Casalso inspirou.



Retorna à França para tocar com a Orquestra Nacional da França e com a Orquestra de Paris, sob a direção de Myung-Whun Chung.

Já desde sua infância e adolescência, Ma possuia uma fama bastante estável e havia tocado com algumas das melhores orquestras do mundo. Suas gravações e interpretações das Suites para violoncelo solo de Johann Sebastian bach são particularmente aclamadas.
Vida adulta e carreira.

Em 1978, Ma se casou com a violinista Jill Hornor. Eles têm dois filhos, Nicholas e Emily. Sua irmã mais velha, Yeou-Cheng Ma, também nascida em Paris, é violinista e junto com Yo-Yo coordena um projeto chamado Children's Orchestra Society (COS) em Long Island, nos EUA.


Atualmente, Ma toca com o Silk Road Project, que visa juntar músicos de vários lugares do mundo de países pelos quais passava a histórica Rota da Seda

Conforme anúncio do secretário geral das Nações Unidas, Kofi Anan c em janeiro de 2006 Ma se uniu à lista dos embaixadores da paz da OU, a exemplo de vários outros músicos, como o tenor Luciano Pavarotti e o jazzista Wynton Marsalis.


O principal instrumento de performance de Yo-Yao Ma é o Petúnia, feito por Domenico Montagnana em Veneza em 1733. Esse instrumento já foi esquecido no banco traseiro de um táxi em Nova York, mas mais tarde reencontrado ileso.


Outro violoncelo usado por Ma é o stradivarius Davidov, tocado anteriormente por Jacqueline du Pré e arrematado por Ma pelo valor de um milhão de dólares, após a morte de sua antiga dona. Du Pré já havia expressado sua frustração com a imprevisibilidade daquele violoncelo, enquanto Ma associa isto ao estilo passional de du Pré ao tocar e diz que esse cello necessita ser domado por seu intrumentista. Até pouco tempo atrás, esse cello era utilizado apenas para a execução de música barroca . Ma também possui um violoncelo de fibra de carbono, criado por Luis & Clark.




Yo-Yo Ma é habitualmente citado pela crítica como o "o mais omnívoro de todos os cellistas" e de fato possui um repertorio muito mais eclético do que é esperado para um instrumentista erudito.

Fonte: WIKIPEDIKA


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pegue um Poema







Pegue um poema,
E com a fita
Meça-lhe as métricas,
Corte-lhe os versos,
Escolha apenas
Frases formais
E rebuscadas...
Pintando a cena...

Pegue um poema,
Ajeite o tema,
Corrija tudo
O que é ruim,
Estique um pouco
Aquela letra,
Rebusque o estilo
Antes, chinfrim.

Trabalhe nele
Como um soldado,
Deixando os versos
Bem martelados,
Alexandrinos,
Seja o que for,
Mas com cuidado:
Não mate o amor!




terça-feira, 13 de agosto de 2013

FRIO




Amanhece;
Como numa fotografia,
A vida coberta de neblina.
Sobre tudo, o frio pousado.

Pássaro quieto sobre o fio,
Que balança e solta, aos poucos,
Gotas de orvalho chorado.

Vem um raio de sol, cintila
Sobre as cores das asas do pássaro
Que do dom de voar, declina;
Medita sobre a paisagem.

Parece triste, o passarinho...
Seu canto destoa de tudo,
E as notas hesitantes
Modificam as imagens.

Antes, ficasse mudo.

Cutuca-lhe as asas
Mais um fio
De raio de sol.

E de repente, lá vai ele,
Asas abertas
Ao chamado 
Do vento e da vida...

Mas deixa cair uma pluma
Sobre o gramado.

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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...