witch lady

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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ORIGEM



Pousei minha mão sobre a tua,
Teus olhos, para sempre fechados...
Minha origem, meu caminho,
Que um dia fora traçado...

E o que não foi dito, ficou
Para sempre, em teus lábios cerrados!

Minhas pontas ficam soltas
Pois o cordão foi cortado...

Há uma certa liberdade
No adeus que está marcado,
Mas virou pesar o peso
Que eu havia carregado!

Todo o medo, toda a dor
De repente, libertados!
Percebemos que houve amor
E tudo será perdoado...



Dignidade




A morte nos dignifica,
De alguma forma.
Tornamo-nos ausentes
E as pessoas tendem a lembrar-se
E sentir saudades.

Às vezes,
Elas passam a finalmente
Compreender-nos,
Pois nos escutam
Pela primeira vez
Através do nosso silêncio.

E até mesmo aquilo
Que mais odiavam em nós,
Torna-se apenas
Um traço de personalidade.

Existe, sim,
Na morte, a dignidade
Que às vezes, nos eterniza
E que noutras, nos confere
Um honroso esquecimento...

De repente, somos heróis,
Sábios, anjos, quase deuses!...

Escrevem nas nossas lápides
O que nunca nos disseram:
"Aqui jaz... saudoso... amado..."
E quase , mas quase tudo,
De repente, é perdoado!

Passamos a existir
Somente em fotografias
E velhos filmes de família,
Onde o melhor é mostrado.

Quem sabe,
Nos escrevam um poema?
-Quem sabe...

Mas há na morte
Uma incrível dignidade!






terça-feira, 3 de setembro de 2013

Maturidade - O que ela Ensina?





Estive pensando, e contando os anos... na noite passada, antes de dormir, abri a gavetinha da mesa de cabeceira e deparei com uma velha fotografia de quando eu tinha dezoito anos e trabalhava em uma loja. Lá, eu apareço com a cabeça apoiada na mão, sorrindo, o cabelo cortado no estilo 'Blitz' (grupo famoso nos anos oitenta) e a juventude saltando pelos poros. Naquela época, eu não tinha ideia do quanto minha vida se transformaria. Nem sequer desconfiava que muitos dos sonhos que eu considerava impossíveis, tornar-se-iam realidade, e que alguns deles, ao invés de sonhos felizes, mostrar-se-iam um tremendo pesadelo.

Antes de dormir, recordei vários fatos de minha vida; alguns que na época considerei importantes, mas que depois, revelaram-se os de menor impacto em minha vida, e outros, que negligenciei, mas aos quais deveria ter prestado mais atenção. Mas recordei-os sem arrependimentos, sabendo que tudo faz parte do aprendizado: o que acertamos e o que erramos, principalmente.

Eu costumava preocupar-me demasiadamente com o que os outros estavam pensando de mim, e ser aceita era a coisa mais importante do mundo, e para isso, eu estava disposta a esquecer minhas próprias convicções. Meu objetivo era encontrar um lugar entre os humanos, nem que para isso eu tivesse que matar o que havia de mais humano em mim, e aceitar humilhações como se fossem elogios: "Veja, estão me notando!" Tomava como exemplo de sabedoria pessoas egoístas, que só pensavam em si mesmas e no quanto poderiam tirar vantagem dos outros. Embora eu jamais tenha me tornado como elas - acho que, instintivamente, eu sabia que aquilo não era o certo - eu me cercava destas pessoas e as chamava de amigos.

Passei grande parte de minha adolescência e juventude pensando que eu não era interessante, inteligente ou bonita; nem sequer me importava em expressar o que eu pensava, simplesmente porque eu tinha certeza absoluta que ninguém estaria interessado em ouvir (e não é que eu estava certa?).

Mas o tempo passou, e  eu amadureci.

E o que significa, para mim, amadurecer? Bem, pode significar muitas coisas... mas a mais importante de todas, é descobrir que quem define o meu lugar na vida, sou eu, e não os outros. Não fico mais horas me torturando quando alguém chega para mim, e sem conhecimento de causa afirma: "Você é isto, e isto e mais aquilo." Porque hoje, mesmo nos momentos em que eu não tenho muita certeza  sobre quem eu sou, tenho certeza sobre o que eu NÃO sou! E que as pessoas sempre terão opiniões sobre todos e sobre tudo, mas que opiniões são apenas opiniões...

Hoje, não sinto mais a menor necessidade de 'ser aceita' ou estar em algum grupo, 'rodeada de amigos.' As horas mais felizes do dia, são aquelas em que passo sozinha - rezando, lendo, escrevendo, cuidando de minha casa, curtindo meu jardim e  a natureza, brincando com meu cão, passeando na rua, assistindo a um bom filme, fazendo minhas contribuições (mesmo que pequenas) para o mundo e para as causas nas quais acredito.

Sentir-me excluída de algum grupo significa apenas uma coisa: não era para eu estar ali. Aquelas pessoas não são importantes para mim, e não sou importante para elas. Só isso. Que sejam felizes à sua maneira, pois eu não preciso delas, e nem elas de mim. E não há melancolia alguma nesta descoberta; apenas alívio! Alívio de saber que às vezes, o que a vida escolhe para mim pode ser a melhor coisa. Alívio de poder confiar, quando os caminhos se fecham em alguma direção... e ao invés de insistir, como eu desesperadamente fazia, respirar fundo e seguir por outro lado, e ver outras portas se abrindo para mim; portas bem melhores.

Maturidade é saber que eu sou quem eu sou, e gosto de mim assim. Se alguém mais gostar, muito bem. Senão, que se dane.

Maturidade é sentir-me confortável dentro da pessoa que eu olho no espelho todos os dias, saber de onde ela veio e não sentir nenhuma vergonha ou sentimento de inadequação por isso, e saber que sou honesta, nada tenho a esconder, nunca desejei o mal de ninguém, não uso de artifícios para 'ser aceita' seja em que grupo for. É encontrar novos caminhos, dar a volta quando uma porta se fecha, sem lamentações, e descobrir que foi melhor assim. Por que tortura-me? Por que insistir em relacionamentos que tornaram-se desnecessários, ou que fazem com que eu me sinta desconfortável? Por que desejar estar entre pessoas que sinceramente não me apreciam, e nem se importam com o fato de eu estar feliz ou não?

Para alguns, o que mais importa é tomar, tomar, tomar... sem jamais parar para pensar ou agradecer pelo que a vida e as outras pessoas lhes proporcionaram, e a partir do momento em que escutam um 'Hoje eu não posso" ou "Sinto muito, mas não...", passam, imediatamente, a nos odiar e falar mal de nós. Por que insistir em relacionar-me com pessoas assim?

Acho que, entre outras coisas, o que a maturidade traz, é leveza. É uma vontade de respirar fundo e sentir o ar limpo e leve. É uma mania de olhar para o passado e ver o quanto ele foi importante, mas que ele não me define completamente; o que me define, hoje, são as escolhas que eu faço, as decisões que eu tomo, as coisas e pessoas que eu amo e me amam de verdade. É olhar para frente com confiança e não sentir nenhuma ansiedade em relação à vida ou à morte, sabendo que no fim, tudo se acerta.

E como deixe em comentário a um texto de Marilene: A vida real é bem menos complicada do que a vida que inventamos através da nossa imaginação e supervalorização daquilo que aqueles que não nos apreciam cismam em afirmar a nosso respeito.



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Posteridade





A posteridade é a morte
De onde ninguém voltou
E nem sabe se ficou
Ou não, existindo por lá.

De que me vale a tal glória
De ter um símbolo e um nome
Carimbados na história,
Se a sina que nos cabe
É dissolvermo-nos no sal,
No mar seco da saudade?

Vaidade das vaidades,
É isto a posteridade!


domingo, 1 de setembro de 2013

EZRA POUND





O poeta, músico e crítico Ezra Pound, um dos mais significativos e polêmicos intelectuais do século XX, nasceu na cidade de Hailey, em Idaho, no dia 30 de outubro de 1885. Ele viveu boa parte de sua infância em Wyncote, lugarejo próximo da Filadélfia. Graduou-se na Universidade da Pensilvânia, em 1906, e por algum tempo ministrou aulas na Wabash College, em Indiana.

Em 1925, o poeta, ávido por novas possibilidades no campo da harmonia das formas, criará o Vorticismo, outro movimento estético, tornando-se definitivamente responsável pela formatação e promoção da estética moderna na poesia de língua inglesa, influenciando os principais nomes da literatura do século XX, compartilhando com muitos deles, generosamente, sua experiência literária.






Entre eles, há autores do gabarito de W. B. Yeats, Obert Frost, William Carlos Williams, Marianne Moore, H. D., James Joyce, Ernest Hemingway, e particularmente T. S. Eliot, que inclusive lhe dedicou sua obra-prima, The Waste Land. Pound configurou-se, assim, como um dos principais expoentes do Modernismo. Seu primeiro livro, A Lume Spento, foi lançado em Veneza, no mesmo ano em que ele fixou residência na cidade de Londres, em 1908.

Um ano depois, Pound lançou as obras Personae e Exultations, as quais logo dão espaço para a publicação de um volume de ensaios, The Spirit of Romance, de 1910. Em 1914 ele dá início à edição do veículo intitulado Blast, porta-voz do Vorticismo, escola muito semelhante ao Imagismo, com a diferença de incluir um novo estilo gráfico aos poemas do escritor, já anunciando o que virá a constituir a Poesia Concreta.


faleceu, no dia 1 de novembro de 1972, com sua obra Cantos premiada e eternamente inscrita no rol das obras polêmicas.




ENVOI

Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz


Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.


Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.


(tradução de Augusto de Campos)







SAUDAÇÃO

Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.

(tradução de Mário Faustino)








Pensamentos



"Toda a arte começa na insatisfação física (ou na tortura) da solidão e da parcialidade."





"Podeis reconhecer um mau crítico porque ele começa por falar do poeta e não do poema."





"Os homens só podem compreender um livro profundo, depois de terem vivido pelo menos, uma parte daquilo que ele contém."







De Manhã...






De manhã, antes do sol nascer, já estou de pé, abrindo janelas e pensamentos. Deixo a brisa fresca entrar e varrer para longe qualquer resquício de sonho mau. Depois, acendo um incenso, enquanto varro a casa e passo um pano úmido no chão.

Tomo meu café da manhã sentada - nunca gostei de comer apressadamente.

Após um banho, vou lá para fora providenciar a troca da água dos beija-flores e as frutas dos comedouros dos pássaros. Há três jacus que estão sempre por aqui, e já não fogem mais de mim. Esta manhã, surpreendi-me por ter conseguido chegar bem perto de  um deles. As aves acabam se acostumando com a nossa presença, mas isto não significa que confiam em nós. Acho que elas sabem de todas as histórias de pássaros engaiolados, apedrejados ou que tiveram seus pés colados à galhos de árvore nos quais posaram inocentemente.

É gostoso acordar cedo. Acho que acordar tarde é um grande desperdício de vida. Aproveito o tempo que sobra para pensar na vida, rezar pelos meus mortos e pelos vivos - acho que estes últimos necessitam bem mais de rezas. Quando a rotina começa, sinto-me pronta... a casa limpa e cheirosa para receber meus alunos, e eu, pronta para entregar-me a mais um dia que começa.




Uma Flor






Há uma flor na paisagem,
Onde o sol desmancha os raios
Cintilantes de vontades.

Há uma flor tão sutil,
Tão sem flor, sem dor, sem tom,
Nem bondade, nem maldade.

Ela brota no momento
Que se torna eternidade.

Ah, flor do meu pensamento,
Arauto da minha saudade!





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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...